A madrugada é um mistério insaciável: o universo dos
promíscuos e o maior pesadelos dos desavisados. Existem coisas que nem a
escuridão consegue preencher, e é dai que surgem as mentes brilhantes. Robert estava ali por detrás das árvores,
pensando em como seria sua diversão desta vez. Claro que seria uma história
muito bela caso tivesse ele repensado logo que vislumbrara Marina em sua mente,
uma pena a negra imensidão ter ofuscado-na, apoderando-se dos olhos azuis feito
oceano do rapaz alto e robusto. Hoje não
seria um dia comum.
A menina dos cabelos
cor de menta - muito bonitos por sinal - estava abraçada aos joelhos, olhando
para baixo e aparentava chorar bastante. O tom de suas madeixas lembravam-lhe
algodão-doce. Aquilo o excitara, parecia meio pastel e o que ele mais desejava
era sentir a textura deslizando por suas mãos.
Ele sabia que estava dando passos sem volta, mas também tinha certeza de
que aquela seria a melhor noite de sua vida.
A menina algodão-doce
ergueu o queixo enquanto limpava as lágrimas. Apertou os olhos e depois os
arregalara, um pouco desesperada.
- Olá! – dissera Robert, com um sorriso amistoso e mãos
estendidas, oferecendo-lhe ajuda para recompor-se e levantar. – O que houve com
você? Precisa de algo? – indagou preocupado.
Mentolada não baixou
a guarda e nem mesmo aceitou sua ajuda. Seu oceano pupilar não tivera efeito
sobre ela.
- Não, muito obrigada – olhou-o firme e desconfiada,
levantando-se sozinha e andando para trás – meu namorado está logo ali. –
mentiu.
Se existia algo que
Robert não suportava era o medo quando não haviam motivos para ter medo. Ele
estava sendo educado. E ela, que lhe parecera tão cândida com aqueles cabelos
coloridos, estava sendo muito indelicada com toda aquela desconfiança. Mentindo
para ele. Mentindo!
- É que ouvi gritos e vi seu namorado brigar com você e lhe
deixar só. – admitiu - Este parque é
perigoso pela madrugada, achei que poderia sofrer algum ataque de algum
malandro qualquer, então resolvi perguntar se quer companhia para sair daqui. –
alegara Robert, com olhar enternecido.
A sereia utópica logo
baixou um pouco mais a guarda, dando um meio sorriso desconfiado. Ela não era
burra, Robert é quem era um grande miserável.
- Ele é um idiota. Sempre pensei que seríamos para sempre,
mas há pouco percebi que ele jamais me amou na mesma porcentagem com a qual o
amei. – disse Mentolada enquanto Robert carregava sua bolsa e ladrilhavam pelo
caminho de volta.
Robert sorriu. Sabia
que havia ganhado confiança a partir do momento em que conseguiu segurar sua
bolsa. Dessa vez ele queria algo inovador. Uma coisa diferente de qualquer
outra que ele já tenha feito. Talvez demorasse um pouco, mas ele sabia que
aquele ato seria um marco em toda a sua história.
A moça dos cabelos
fantasia revelava sua intimidade enquanto caminhavam e nem percebia a trilha da
qual seguiam. É, talvez ela não fosse tão esperta assim...
- Você gosta de balas de menta? – questionou Robert.
A menina sorriu, como
se dissesse que aquela pergunta não lhe era singular, mas sim cotidiana.
- Sim, gosto muito de balas de menta, mas não, meu cabelo
não é inspirado nelas! –gargalhou.
Robert sorriu para não passar em branco, enquanto dizia que
sentia vontade de “provar” seus cabelos. Na verdade aquilo era um tédio e só
ele sabia o quanto Marina lhe fazia questionar seus sentidos nesse
aspecto. Parecia que, com ela, a dor de
outrem não era necessária. Com ela os sorrisos bastavam e aquilo o deixava
histérico. Ele não precisava forçar satisfação ou bondade, esses atos
simplesmente vinham como se sempre estivessem ali, guardados em um lugar especial, somente para ela. Era natural, e aquilo lhe
dava medo. Aquelas amêndoas tão lindas lhe faziam transfigurar.
No lôbrego de seus olhos, Mentolada lhe
parecia mais provocativa...